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ORDEM DO DIA

Dia da Aviação de Reconhecimento

Publicado: 2019-06-24 14:00:00
Leia a Ordem do Dia alusiva ao Dia da Aviação de Reconhecimento

Como citou Sun Tzu, "Se conheceis o inimigo e a vós mesmo, não devereis temer o resultado de 100 batalhas. Se conheceis a vós mesmo, mas não conheceis o inimigo, para cada vitória alcançada sofrereis uma derrota. Se não conheceis nenhum dos dois, sereis sempre batidos".

Todo general, ao longo da história militar, possuía como objeto de desejo a conquista das cotas mais elevadas do terreno, pois, a então denominada “Colina do Comandante” proporcionava clara vantagem tática, por ampliar a visão do combate, além de antecipar qualquer intenção inimiga.

A utilização de balões cativos durante a Guerra do Paraguai por Luís Alves de Lima e Silva, à época o Marquês de Caxias, nada mais era do que a aplicação da tecnologia dos aeróstatos ao conceito da “Colina do Comandante”, pois nos campos de Humaitá, Tuiuti e Curupaiti, a ausência de pontos elevados, que servissem de observatórios naturais, dificultava a obtenção de informações que fundamentassem os planos de batalha.

De modo semelhante, o Tenente Ricardo João Kirk e o civil italiano Ernesto Darioli, a serviço do Ministério da Guerra, realizaram missões aéreas, basicamente de reconhecimento, em apoio às operações militares terrestres durante a Campanha do Contestado.

O emprego de aeronaves para observar as posições e as manobras das forças oponentes foi ampliado durante a Guerra Ítalo-Turca, a Guerra dos Balcãs e a Primeira Guerra Mundial, sendo aprimorado por ocasião da Segunda Grande Guerra. Especialmente no período da “Guerra Fria”, essa atividade teve um grande impulso, quando foram estabelecidas unidades aéreas especializadas em reconhecimento estratégico.

Planejar sem informação é inútil. Por isso, a obtenção de dados sobre as forças inimigas e áreas de interesse é, indubitavelmente, uma atividade fundamental para o planejamento e a condução das campanhas militares.

A Aviação de Reconhecimento na FAB surgiu com o 1º/10º Grupo de Aviação (GAV), em 10 de novembro de 1952, quando foi realizada a primeira missão de reconhecimento fotográfico na FAB.

O reconhecimento aéreo evoluiu, com a criação de outras Unidades, como o 1º/6º GAV, que teve um importante papel no desenvolvimento nacional ao coletar imagens para suportar o planejamento de projetos estratégicos da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, da Diretoria de Hidrografia e Navegação, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste e do Programa de Desenvolvimento e Defesa da Região Norte, entre outros.

Em 1999, foi ativado o 2º/6º GAV, equipado com modernas aeronaves de vigilância e sensoriamento remoto, que, além de representar um expressivo salto operacional e tecnológico para a Força Aérea Brasileira, proporcionaram os meios necessários para a plena operação do Sistema de Vigilância da Amazônia.

Na última década, a Aviação de Reconhecimento recebeu um formidável reforço, com a criação do 1º/12º GAV e suas aeronaves remotamente pilotadas RQ-450 e RQ-900.

Recentemente, a Força Aérea passou a operar satélites que, além de prover enlaces de comunicações, podem monitorar alvos e áreas de interesse militar a milhares de quilômetros de distância dos centros de comando e controle.

Ademais, a incorporação de sensores no estado da arte nas aeronaves P-95, P-3, SC-105 ampliou a capacidade de a Força Aérea realizar reconhecimento aéreo com outros vetores além daqueles lotados nos Esquadrões Poker, Carcará, Guardião e Hórus. Em breve, o F-39 e o KC-390 também possuirão sensores e tripulações habilitadas para realizar reconhecimento aéreo no teatro de operações.

Diante desse cenário, é possível inferir que o reconhecimento aéreo, antes limitado à coleta de imagens fotográficas, ganhou uma nova dimensão e expandiu-se para empregar, de forma complementar, plataformas espaciais, diferentes vetores aéreos, sensores eletro-ópticos e infravermelhos de alta resolução, radares de abertura sintética, além de equipamentos capazes de captar uma ampla faixa de sinais do espectro eletromagnético.

Nesse sentido, urge que a Força Aérea Brasileira integre as atividades de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, de modo a proporcionar conhecimentos oportunos e precisos aos comandantes militares, porquanto a consecução da missão da Aeronáutica - “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria” - e o emprego do Poder Aeroespacial estão absolutamente associados a nossa capacidade de garantir superioridade de informações nos ambientes aéreo, espacial e cibernético.

Não obstante toda a tecnologia disponível, a disciplina e o profissionalismo evidenciados pelos homens e mulheres da Aviação de Reconhecimento ao longo de todos esses anos são, de fato, os elementos mais importantes neste processo de transformação doutrinária, que certamente tornará a Força Aérea Brasileira uma instituição com grande capacidade dissuasória, operacionalmente moderna e capaz de atuar de forma integrada para a defesa dos interesses nacionais.

Parabéns integrantes da Aviação de Reconhecimento! Vocês serão, sempre, “Da Pátria, os olhos, na guerra e na paz”.

Controlar, defender, integrar, Força Aérea, Brasil!

 

Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral

Comandante de Preparo